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21 de Dezembro de 2017

VIOLÊNCIA IMPÔS PERDA DE R$ 657 MILHÕES AO TURISMO DO RJ EM 2017

VIOLÊNCIA IMPÔS PERDA DE R$ 657 MILHÕES AO TURISMO DO RJ EM 2017

 

 

VIOLÊNCIA IMPÔS PERDA DE R$ 657 MILHÕES AO TURISMO DO RJ EM 2017

 

Fábio Bentes

Economista

 

Somada ao ainda fraco ritmo de atividade econômica no País, a criminalidade no Estado tem dificultado a recuperação do turismo. Fechamento de vagas no setor cresceu 50% entre janeiro e agosto.

 

Segundo pesquisa do setor de serviços realizada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a agosto de 2017, o faturamento do setor de Turismo no Estado do Rio de Janeiro registrou queda de 11,7% em relação a igual período do ano passado. À exceção dos resultados positivos dos meses de julho e agosto de 2016, decorrentes da realização dos Jogos Olímpicos, o setor tem apurado perdas desde o início do ano passado.

 

QUADRO 1

 

Receita Nominal das Atividades Turísticas no Rio de Janeiro

(Variação % em relação a igual mês do ano anterior)

 

 

Claramente, a realização dos Jogos Olímpicos impactou de forma positiva a economia do Rio de Janeiro por meio do turismo. Desse modo, sustentar aquele nível de atividade após os Jogos já seria um obstáculo desafiador para o setor. Contudo, outros fatores econômicos prejudicaram e justificaram o seu desempenho negativo após a realização do evento.


A evolução desfavorável do mercado de trabalho brasileiro, por exemplo, até o início do ano corrente limitou a capacidade de consumo desse tipo de serviço por parte dos turistas nacionais. As restrições impostas ao orçamento das famílias por conta da crise levaram os consumidores a abrir mão de gastos com lazer, afetando negativamente o nível de atividade do setor. Mesmo com a reação do emprego e a queda da inflação nos últimos meses, o setor ainda não sentiu o efeito da retomada da demanda por serviços turísticos.

 

De acordo com dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de abril a setembro deste ano houve geração líquida de 252 mil postos de trabalho no País e, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, a taxa de desemprego recuou de 13,6% para 12,6% da população economicamente ativa. Compõe ainda o quadro mais favorável de regeneração das condições de consumo a inflação baixa no País (+2,5% nos 12 últimos meses).

 

Ainda de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação na região metropolitana do Rio de Janeiro acumulou alta de 3,0% nos últimos 12 meses encerrados em agosto. O comportamento dos preços dos itens relacionados às atividades turísticas na região metropolitana do Rio de Janeiro torna explícita a queda de demanda por serviços turísticos, na medida em que a variação desses preços tem desacelerado nos últimos anos, destacando-se, naturalmente em 2017, as retrações nos preços médios das diárias dos hotéis (-46,9%) e pacotes de excursões (-9,9%).

 

QUADRO 2

 

Evolução dos Preços Médios de Serviços Associados ao Turismo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

(Variações % acumuladas pelo IPCA local em 12 meses)

 

Outro fator, a queda de cerca de 10% na taxa de câmbio, ainda representa um obstáculo ao turismo interno, uma vez que estimula gastos de brasileiros no exterior. Segundo o Banco Central, o saldo negativo entre receitas e despesas de viagens internacionais avançou 70% nos oito primeiros meses deste ano, quando comparadas ao mesmo período de 2016 – resultado que adveio de uma retração de 6,4% nas receitas e um crescimento de 35,3% das despesas com viagens para fora do País.

 

QUADRO 3

 

Receitas, Despesas e Saldo da Conta Viagens no Balanço de Pagamentos

(U$S 1.000)

 

 

Embora outros fatores diretamente relacionados à conjuntura econômica possam ajudar a explicar a queda de atividade no turismo fluminense, inegavelmente o aumento da criminalidade no Rio de Janeiro tem contribuído de forma negativa para a recuperação desse setor, que reponde por mais de 9,9% dos postos de trabalho formais do Estado e por aproximadamente 7,0% da economia fluminense.

 

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), somente entre abril de 2016 e abril deste ano, o total de ocorrências criminais registradas aumentou +6,4%. Dentre as principais modalidades de crime, os roubos a bancos e a caixas eletrônicos, os roubos com condução de saque e de bicicletas avançaram 55,1%. Ainda de forma expressiva, destacaram-se os registros de roubos de aparelhos celulares (+50,4%) e roubos de veículos (+47,2%).

 

 

QUADRO 4

 

Ocorrências Criminais no Estado do Rio de Janeiro – Abril a Agosto de 2016 e Abril a Agosto de 2017

(Registros e variações %)

 

Embora muitos dos registros criminais frequentemente não representem ocorrências envolvendo turistas, essa atividade certamente é uma das mais sensíveis ao aumento da criminalidade, uma vez que se caracteriza pelo atendimento a um consumidor não residente e, portanto, mais avesso ao aumento da sensação de insegurança.

 

Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da perda total de receita por parte das atividades turísticas do Estado do Rio de Janeiro em 2017 (R$ 2,291 bilhões), R$ 657 milhões (29% do total) podem ser atribuídos ao aumento da violência no Estado.

 

Essa perda de receita, que equivale ao faturamento de 8,9 dias do turismo local, impactou de forma mais significativa o segmento de bares e restaurantes (R$ 332,1 milhões, o correspondente a 50,3% do total), seguido pelas atividades de transportes, agências de viagens e locadoras de veículos (R$ 215,5 milhões, ou 32,6%), hotéis, pousadas e similares (R$ 97,7 milhões, ou 14,8%) e por atividades culturais e de lazer (R$ 14,7 milhões, ou 2,2%).

 

QUADRO 5

 

Perda de Receita de Janeiro a Agosto de 2017 com o Avanço da Criminalidade no RJ Segundo Segmentos do Turismo

(em milhões de reais)

 

 

Do ponto de vista do emprego, a queda no nível de ocupação no turismo fluminense se mostrou compatível com as perdas de receita nos últimos meses. De janeiro a setembro de 2017, o saldo entre admissões e desligamentos nas atividades que compõem o setor resultou na perda acumulada de -10.237 postos de trabalho com carteira assinada – aumento de 50% em relação aos -6.823 postos fechados em igual período de 2016, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

 

QUADRO 6

 

Geração Líquida de Postos Formais de Trabalho no Estado do Rio de Janeiro

(Admissões menos desligamentos)

 

Pode-se, portanto, constatar que, assim como os efeitos diretos da crise econômica após os Jogos Olímpicos, o avanço da criminalidade tem contribuído para o agravamento da situação atual pela qual passa o turismo no Estado do Rio de Janeiro.

 

Finalmente, pode-se dizer que a sensibilidade ao avanço da violência no Estado é maior nos segmentos menos dependentes da receita obtida com prestação de serviços a residentes, tais como alimentação (1,7%) e serviços culturais e de lazer (1,5%). Já nos segmentos de hospedagem e transporte, o incremento de 10% na criminalidade no Estado reduz suas receitas em 1,9% e 2,0%.

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